Data de publicação: 23-07-2020 17:00:00 - Última alteração: 23-07-2020 17:21:30

Congresso do Povo discute a cidade e como ocupá-la

Centro de Integração Empresa Escola de Minas Gerais -  CIEE
Erminia Terezinha Menon Maricato, arquiteta, urbanista, professora, pesquisadora e ativista

Foto: Robson Rodrigues
 
Por meio de lives, a Frente Brasil Popular de Contagem continua realizando o Congresso do Povo com objetivo de debater como a cidade deve ser ocupada. O último encontro aconteceu na segunda-feira (20), com a participação da arquiteta e urbanista Erminia Maricato.
 
Além de arquiteta e urbanista, Erminia Terezinha Menon Maricato é professora, pesquisadora e ativista reconhecida pelo trabalho no campo do urbanismo e pela luta que busca a reforma urbana no Brasil. Ela elogiou a iniciativa dos integrantes do Congresso do Povo. 
 
“Para mudar realmente as cidades é necessário fazer justamente o que vocês estão fazendo, procurar saber o que a população pensa e precisa. Muita gente me pergunta como podemos começar e vocês estão dando um modelo de como fazer. O Brasil precisa saber da experiência de vocês. É preciso mostrar esse novo ciclo que está se formando”, salientou.

Urbanização

De acordo com a arquiteta, o Brasil, a sexta economia do mundo, se industrializou e urbanizou, mas nas últimas décadas começou a se desindustrializar.

Ressaltou ainda que a partir de 1980, o Brasil virou um fazendão com o crescimento do agronegócio, com agressão ao meio ambiente e grilagem. “O Brasil é um país que teve 180 anos de escravidão e não dá pra se libertar facilmente. Quando o país começou se urbanizar, faltou respeito por parte da casa grande”.

Soluções descontinuadas

Erminia explicou que o Orçamento Participativo implantado em governos passados ficou famoso no mundo inteiro, mas infelizmente não teve continuidade. Na educação, a professora citou o exemplo dos Cieps criados no Estado de São Paulo. Que segundo ela, foram escolas que reuniram a arte e a cultura dando liberdade de criação ao ser humano. “Na época foi a solução encontrada para tirar as crianças das mãos da polícia e levar para as escola. Mas infelizmente isso também foi esvaziado”, lamentou.

Mobilidade urbana

Erminia disse que o custo com transporte público impacta muito no orçamento dos usuários, e atualmente, o transporte coletivo se tornou um dos maiores focos de transmissão do coronavírus.

“Nos países desenvolvidos, as prioridades na mobilidade são bem diferentes. Em primeiro lugar a caminhada, em segundo as bicicletas, em terceiro o transporte coletivo e em quarto os automóveis. As cidades brasileiras de meio porte estão crescendo muito e é preciso rever os projetos de mobilidade urbana, inclusive em Contagem”, explicou.

 “Os trabalhadores e estudantes não podem suportar todo peso da tarifa do transporte público, por isso é fundamental ter subsídio”.

Saneamento básico

Erminia disse que não quer ser pessimista, mas para ela, a aprovação do Marco do Saneamento foi uma derrota muito grande.

“Temos não Brasil várias leis que não são cumpridas, muitas estão na Constituição como é a lei que garantiria o direito a moradia. A privatização do saneamento já se mostrou um equivoco em outros países. Empresas privatizadas visam lucros e com certeza as demandas mais caras ficarão a cargo dos governos, então porque privatizar?”, questionou.

Meio ambiente

Erminia enfatizou que os Planos Diretores precisam e devem ser de forma participativa como determina a lei e o Ministério das Cidades. “O uso e a ocupação do solo precisam ser ligados aos investimentos públicos, não a interesses privados”.


Participação da sociedade civil organizada

Segundo Geraldo Negão, o Sistema de Mobilidade de Contagem - Sim que está sendo implantado na cidade é um projeto ultrapassado que obriga os usuários a fazerem baldeações em terminais sem outras opções mais rápidas.

O Conselheiro Municipal da Juventude de Contagem Milton Leão  disse que sempre teve dúvidas em saber quais espaços a juventude deveria ocupar nas cidades.

Laís Aghata falou da questão ambiental e ressaltou que o projeto de mobilidade de Contagem até pode ser bom, mas as supressões de milhares de arvores vai representar um retrocesso na sustentabilidade ambiental da cidade.

Já a professora Cristina Oliveira disse que tem duvidas como será a luta das cidades pós-aprovação do Marco do Saneamento. Ela ressaltou também a importância do controle social do orçamento público e da volta do orçamento participativo nas cidades.

Jefinho, sindicalista do SindEletro, reclamou que Contagem não tem nem rodoviária e continua sendo uma cidade dependente da capital.

Erminia Maricato anotou todos os questionamentos e dúvidas, e tentou contemplar a todos.

Conclusão

“Vocês de Contagem estão com meio caminho andado, só precisam se organizar e levar as ideia para outras cidades. Gostaria de convidar todos para conhece o BR Cidades e conhecer os projetos para as cidades que defendo”, finalizou Ermínia Maricato.

Congresso do Povo

Adriana Souza, mediadora do Congresso do Povo, professora e mãe de três filhos, disse estar preocupada com a falta de espaços para as crianças e jovens nas cidades. “Temos percebido que cada vez mais os espaços disponíveis estão inóspitos para todos, principalmente para as crianças”, ressaltou.

A mediadora finalizou a live agradecendo às dezenas de pessoas que participaram interessadas em construir uma cidade melhor para todos. Segundo Adriana Souza, outras edições do congresso estão sendo preparadas.

Link relacionado

Congresso do Povo de Contagem realiza mais uma live
Comentários

Charge


Flagrante


Boca no Trombone


Guia Comercial


Enquetes


Previsão do Tempo


Siga-nos:

Endereço: Av. Cardeal Eugênio Pacelli, 1996, Cidade Industrial
Contagem / MG - CEP: 32210-003
Telefone: (31) 2559-3888
E-mail: redacao@diariodecontagem.com.br