O Bloco de Carnaval e de Mobilização Social criado em 2023, pelo professor e escritor Tiago Antonio, fez o primeiro evento nesta segunda-feira (12), no bairro Mineirão, em Belo Horizonte, aos pés da Serra do Rola-Moça, importante reserva ambiental que clama por proteção.
De acordo com os organizadores do loco de Carnaval Ecológico, o objetivo é envolver a população local em torno da preservação ambiental e respeito a natureza em todas as suas formas.
“Moro e trabalho na região, e a ideia é descentralizar a festa de BH e realizar um evento de confraternização e de aproximação da comunidade, no fundão do Barreiro, às margens da Serra do Rola-Moça. O Bloco Salve o Verde veio trazer a conscientização ambiental e o ativismo independente para o Carnaval”, explicou o professor idealizador do bloco.

O evento aconteceu das 16:20 às 21h, na rua Martim Francisco Andrada, no bairro Mineirão, em Belo Horizonte, no pé do morro que dá acesso a Serra do Rola-Moça e às cachoeiras bastante frequentadas pela população.
O irmão de Tiago, o professor e cabelereiro, Rafael Soares e o cantor e produtor cultural Bruno Bertini, ficaram por conta da locução e pela trilha sonora da festa. Os moradores foram convidados a participar e sugerir os ritmos tocados durante o evento coletivo.
“Esse é o bloco Salve o Verde. Bloco criado para chamar a atenção de todos para a importância da Serra do Rola-Moça e para a necessidade de proteger e preservar esse patrimônio que é de todos. Salve o verde!”.
O evento contou com o apoio da Prefeitura de BH, BHtrans, Guarda Civil e Polícia Militar. A rua foi fechada ao trânsito de veículos com cones e com isso, as crianças tiveram mais segurança para jogar futebol e andar de bicicleta. Os folíões não foram muitos na primeira edição do evento, mas os organizadores premetem outras intervenções culturais para chamar a atenção do público para a importância de proteger e preservar Serra do Rola-Moça e outras serras.

A serra
O bairro Mineirão é vizinho do bairro Independência, ambos ficam próximos de uma das entradas do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, uma das mais importantes áreas verdes de Minas Gerais.
O Rola-Moça abrange uma área de 3.941 ha, com 52,22 km de perímetro, onde é possível apreciar paisagens e belezas únicas, ricas em biodiversidade, variedade de espécies da fauna, bichos como lobo-guará, onça parda, cachorro-do-mato, veado campeiro, carcará e várias outras espécies de aves, além de raridades da flora, como a canela-de-ema.

O nome da Serra do Rola-Moça surgiu a partir de um “causo” mineiro imortalizado num poema do escritor Mário de Andrade.
O “causo” conta que um casal, após uma cerimônia de casamento e de volta para casa, ao cruzar a serra, o cavalo da moça escorregou no cascalho e caiu no fundo de um grotão, um buraco fundo. Daí, a Serra do Rola-Moça.

“A Serra do Rola-Moça está em constante ameaça de predadores da natureza que se escondem atrás de CNPJs para promover a mineração, a exploração imobiliária e defender o Rodoanel Metropolitano, apelidado de “Rodominério”.
O projeto do governo do Estado de Minas, se concretizado, vai destruir a região com a construção de um túnel para atravessar a Serra do Rola-Moça e o aquífero considerado a caixa d’água da grande Belo Horizonte.
A obra que será custeada pela mineradora Vale e por uma empresa italiana, vai criar uma nova via para escoar a produção do minérios de ferro e outros minerais, fruto da destruição das serras de Minas Gerais.
Isto é, a obra que vai causar mais impactos a natureza, vai beneficiar a empresa culpada pelas duas tragédias, em Mariana e Brumadinho”, o editor.
