O médico, professor e ambientalista, Apolo Hering Lisboa, esteve na Casa da Joc Maria Floripes nesta segunda-feira (24), para uma palestra sobre a Meta 2030, um ambicioso projeto que visa recuperar a saúde e a vida do Rio das Velhas e seus afluentes.
Durante o evento, Hering enfatizou a importância de trabalhar com metas claras e prazos definidos.
“Trabalhar por metas é tradição de Minas Gerais. A Meta 2030 é para despoluir e recuperar o Rio das Velhas e seus afluentes, deve começar agora em 2024. Devemos focar numa pequena área hidrográfica da RMBH, onde se concentram mais de 80% das causas da degradação ambiental da bacia”, disse.
Apolo destacou a necessidade de uma grande mobilização social e política em toda a bacia, desde as nascentes em Ouro Preto até a foz no Rio São Francisco. Segundo estudos, a poluição do Rio das Velhas começa na capital, devido à emissão de esgoto.
“Se a emissão for interrompida, será resolvido grande parte do problema do Velhas. Mas a maioria das pessoas e dos governos não tem noção das bacias, não tem noção de território. Isso dificulta o entendimento e a localização dos problemas”, afirmou.

Alerta
O ambientalista alertou que a captação de água para abastecer a região metropolitana de Belo Horizonte é feita por meio da Estação de Tratamento de Água Bela Fama, que, se for atingida pela lama da mineração, a população ficará sem água.
“Cerca de 70% da água é consumida pelo agronegócio,15% pela indústria e 10% pelas residências. Não justifica os governos pedirem para a população economizar água, enquanto os grandes consumidores não economizam e nem pagam pela água que utilizam”, criticou.
Hering propõe a despoluição da Foz da Mata até a Foz do Itabirito para garantir água limpa para as cidades rio abaixo.
“A riqueza e a poluição estão concentradas na região metropolitana de BH. São 90 km de extensão para serem despoluídos. Mas a Copasa é uma empresa que cobra e não trata a água, capta 50% do esgoto e cobra 100%. Além disso, nem o Ministério da Saúde, nem as secretarias de saúde discutem qualidade da água e o saneamento básico, como forma de prevenção de doenças”, explicou.

Contagem dividida por regionais

Contagem dividida por bacias
Bacias
O professor defendeu que o planejamento territorial deve ser feito com base nas bacias hidrográficas, e não por cidades e estados.
“Contagem deveria ser dividida em bacias e sub-bacias hidrográficas, não por regionais como é atualmente. Isso facilitaria o entendimento e a criação de políticas públicas capazes de evitar enchentes e outras catástrofes ambientais”, afirmou.
No final da palestra, Apolo Hering destacou que “o que pode mudar o mundo é a mudança de mentalidade dos seres humanos e é isso que queremos com a Meta 2030”.
