Data de publicação: 19-08-2024 17:11:00 - Última alteração: 19-08-2024 17:27:26

UFMG reitera impactos negativos da Stock Car

Nova Faculdade
Faixa instalada no estacionamento da Faculdade de Farmácia alerta para os impactos da corrida sobre a saúde dos animais do Hospital Veterinário

Foto: TV UFMG

Um dia após o término da corrida Stock Car no entorno do campus Pampulha, a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, e o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, emitiram uma nota à comunidade acadêmica lamentando os transtornos causados pelo evento. 

Segundo a reitoria, a prova automobilística realizada no último fim de semana, provocou sérios impactos nas atividades da Universidade, como a paralisação de pesquisas e a interrupção de atendimentos no Hospital Veterinário, na Faculdade de Odontologia e em centros esportivos.

De acordo com os reitores, apesar dos esforços da instituição para realocar o evento e sensibilizar as autoridades municipais e organizadores sobre os impactos negativos, as tentativas não foram bem-sucedidas. 

A UFMG, que não recebeu propostas formais para a mitigação dos ruídos, teve que utilizar recursos próprios para emergências, como a transferência de animais do Hospital Veterinário e a redução dos impactos sonoros em centros de pesquisa sensíveis.

A reitora e o vice-reitor reiteraram que o entorno do campus Pampulha não é adequado para eventos desse tipo e propuseram a busca por locais alternativos para futuras edições da Stock Car, que levem em consideração os interesses da Universidade, da comunidade local e da cidade de Belo Horizonte.

NOTA À COMUNIDADE

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) manifesta seu mais profundo pesar pelos impactos da realização da corrida Stock Car no entorno do campus Pampulha que, conforme previsto, foram extremamente prejudiciais às atividades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade, não apenas durante os treinos e corridas, ocorridos de 15 a 18 de agosto, mas também durante os cerca de seis meses de preparação para a prova automobilística. 

Pesquisas foram inviabilizadas, e o atendimento à população de Belo Horizonte teve de ser interrompido no Hospital Veterinário, na Faculdade de Odontologia, no Centro Esportivo Universitário (CEU) e no Centro de Treinamento Esportivo (CTE), entre tantos outros transtornos à nossa comunidade e à região. 

Seguindo as determinações do Conselho Universitário, órgão máximo da Universidade, a instituição tomou todas as medidas que estavam ao seu alcance para tentar mudar a corrida de local e sensibilizar os gestores municipais e os organizadores do empreendimento privado sobre os nefastos impactos na universidade e em seu entorno. 

Para tentar minimizá-los, já que jamais recebeu dos organizadores uma proposta formal de mitigação dos ruídos exigida pela justiça com base em ações do Ministério Público Federal (MPF) e da Advocacia Geral da União (AGU), a UFMG teve que gastar recursos públicos de seu orçamento de manutenção. 

Entre as ações de emergência, destacam-se a operação de transferência de animais do Hospital Veterinário para outras instituições e a tentativa de mitigar os impactos sonoros no Biotério Central e em outros centros de pesquisa, uma vez que os animais que vivem sob condições controladas não podem ser deslocados para outros ambientes. Montamos grupos para prestar socorro aos animais afetados e criamos equipes técnicas para monitorar os ruídos e os efeitos nos animais e nas pessoas, entre várias outras atividades emergenciais. 

Em sintonia com a população belo-horizontina, majoritariamente contrária ao evento na localidade, como demonstrado em pesquisa da Real Time Big Data, a UFMG lamenta profundamente a falta de diálogo do poder público, os informes inverídicos e os ataques infundados de alguns meios de comunicação, o desrespeito à ciência e à Universidade, o prejuízo ambiental, a truculência demonstrada com os moradores e comerciantes locais e a censura a um site especializado que publicou um relato fidedigno dos acontecimentos que permearam a organização do evento.

Uma instituição científica centenária, reconhecida como orgulho de seu país e de sua cidade, não se apequena diante de ameaças e ataques e reconhece sua força na solidariedade de sua comunidade e da sociedade em geral. 

Assim, agradecemos nossos professores, servidores técnico-administrativos, colaboradores terceirizados e estudantes, bem como a comunidade externa, moradores e comerciantes da região, movimentos sociais e todas as pessoas que nos apoiaram e que estiveram conosco durante todo esse período de grande apreensão, sobretudo, nos últimos quatro dias que foram de extrema indignação. 

Nossos agradecimentos também se estendem à Advocacia Geral da União (AGU) e ao Ministério Público Federal (MPF) que têm defendido os interesses da ciência, do meio ambiente e da educação.

Reiteramos insistentemente que o entorno do campus Pampulha não é lugar para um evento dessa natureza e, certamente, há outros locais em nossa cidade e estado propícios a corridas automobilísticas. 

A UFMG reafirma que nunca foi contra a Stock Car e se coloca à disposição dos próximos gestores da cidade para identificar alternativas de locais para as próximas edições que possam contemplar os interesses da instituição, da comunidade local e da própria cidade. 

Esse triste episódio suscita uma oportunidade de reflexão que não deve ser desperdiçada no momento em que a cidade se prepara para escolher o(a) novo(a) gestor(a) municipal e seus representantes na Câmara dos Vereadores. 

De nossa parte, reforçamos o compromisso com uma cidade sustentável e capaz de promover a harmonia entre os interesses econômicos, o respeito à educação e à ciência, o cuidado com as pessoas e os animais, os anseios de sua população e a defesa dos valores éticos que moldaram a história desta Instituição em seus quase cem anos de vida. 

Belo Horizonte, 19 de agosto de 2024. 

Sandra Regina Goulart Almeida
Reitora

Alessandro Fernandes Moreira
Vice-Reito

Fonte: UFMG
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