Distrito vira "zona fantasma" após ser afetada pelo risco de rompimento da barragem B3/B4
Fotos: Tomaz Silva/Agência Brasil
Fotos: Tomaz Silva/Agência Brasil
O caso envolvendo a evacuação de parte do distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecido como Macacos, em Nova Lima (MG), reflete as dificuldades e incertezas enfrentadas pela comunidade após o risco de rompimento da barragem B3/B4 da Mina de Mar Azul, operada pela Vale.
Em fevereiro de 2019, quase 300 pessoas foram tiradas às pressas de suas casas após ser constatado o risco de rompimento da barragem B3/B4 da Mina de Mar Azul. Na época, havia a promessa de que o retorno aos imóveis poderia ocorrer após a conclusão das obras de eliminação da barragem.
Mas, há mais de cinco anos depois da evacuação, a situação ainda é tensa, com moradores como Fernanda Tuna, que acredita que a área nunca mais será habitada, referindo-se à região como uma "zona fantasma".
Trabalhadores na obra do muro de contenção construído para eventual rompimento da Barragem B3/B4 em Nova Lima.
A Vale concluiu recentemente as obras de eliminação da barragem, mas a insegurança e o medo persistem entre os moradores, que não demonstram interesse em retornar às suas antigas residências.
A mineradora adquiriu muitos imóveis na área, e o impacto dessa movimentação afetou negativamente o mercado imobiliário local, dificultando a locação de imóveis e gerando preocupação com a manutenção das propriedades, especialmente em relação a surtos de doenças como a dengue.
Além disso, o retorno das famílias à área evacuada é improvável, dado que outras barragens no entorno de Macacos apresentam riscos similares, o que contribui para a insegurança.
"Ninguém nunca mais voltou para a área evacuada. Até onde eu sei, a Vale adquiriu a maioria dos imóveis que existem ali. Então, é provável que ninguém nunca mais volte para essa área", disse Fernanda Tuna, moradora de Macacos.
Especialistas alertam que as mudanças climáticas e o aumento de eventos climáticos extremos podem comprometer ainda mais a segurança das barragens.
Apesar de acordos reparatórios firmados, que incluem compensações financeiras e medidas de revitalização do comércio e turismo local, muitos compromissos assumidos pela Vale ainda não foram cumpridos, gerando frustração e descrença na comunidade.
A Comissão Macacos, formada pelos moradores, continua pressionando por uma reparação justa e completa, mas enfrenta dificuldades na implementação das medidas acordadas.
A situação em Macacos é um exemplo das complexas consequências sociais e econômicas que a mineração pode causar, especialmente em regiões onde o risco ambiental é elevado.
A comunidade ainda espera por soluções concretas e eficazes que possam mitigar os danos causados e garantir um futuro mais seguro e próspero para seus moradores.
Fonte: Agência Brasil