EDITORIAL - Nós, brasileiros, assistimos, mais uma vez, a um espetáculo vergonhoso nos bastidores do poder. Com três meses de atraso, o Orçamento finalmente foi aprovado pelo Congresso. 

Mas não se trata apenas de planejamento financeiro. Trata-se, na verdade, de um jogo de interesses, onde R$ 50 bilhões em emendas parlamentares são a grande moeda de troca.

Os parlamentares precisam do orçamento aprovado para que os recursos comecem a ser liberados. Só que, dessa vez, houve um entrave: o Supremo Tribunal Federal, por meio do ministro Flávio Dino, impôs um bloqueio. Motivo? 

A falta de transparência na destinação dessas verbas, que deveriam ser usadas para o bem público, mas acabam por servir como instrumento de chantagem, compra de votos e de apoio político.

O mecanismo é claro. O governo federal usa as emendas para garantir a fidelidade dos parlamentares. Estes, por sua vez, repassam recursos para prefeitos, que redistribuem os montantes sem critério técnico, para unicamente fortalecer alianças e garantir votos. 

Já os vereadores, a última ponta dessa engrenagem, utilizam associações e ONGs para transformar dinheiro público em favores e benefícios pontuais que mantêm seus currais eleitorais e assim garantir votos para todos.

O resultado é um ciclo vicioso, onde o dinheiro que deveria impulsionar o desenvolvimento do país vira uma ferramenta de perpetuação no poder. 

Essa prática está longe de ser moral ou democrática. Enquanto isso, a população, que deveria ser a real beneficiária do orçamento público, segue sendo enganada por esse jogo de interesses.

O Brasil precisa romper com esse sistema. Transparência, prestação de contas e fiscalização rigorosa são essenciais para que o dinheiro do povo não continue servindo como moeda de troca entre políticos e seus aliados. 

Caso contrário, seguiremos reféns do “jeitinho brasileiro”, onde a democracia é apenas um detalhe e o verdadeiro objetivo é o poder pelo poder.

Robson Rodrigues Moreira
Jornalista Editor
Jornal Diário de Contagem e Contagem TV Online