A imposição de tarifas comerciais pelo governo dos Estados Unidos causou um verdadeiro terremoto no mercado financeiro global e já é considerada uma das maiores perdas em patrimônio pessoal da história recente. 

Em apenas dois dias, trilhões somem das bolsas e bilionários recuam, Musk pede “tarifa zero” para conter prejuízos. Só entre os dias 3 e 4 de abril, Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg amargaram perdas combinadas de mais de US$ 80 bilhões, segundo dados da Bloomberg. 

A reação foi imediata: retração nos investimentos, corte de planos e um apelo público de Musk por um novo pacto de livre comércio global.

O CEO da Tesla, que sozinho viu desaparecerem US$ 31 bilhões da fortuna, se distanciou das políticas protecionistas da Casa Branca e passou a defender um ambiente de “tarifa zero” entre América do Norte e Europa. 

Durante uma conferência na Itália, Musk foi direto: “Deveríamos caminhar em direção a uma zona de livre comércio. As tarifas estão matando a inovação”.

A fala é um recuo claro em relação ao alinhamento anterior com políticas nacionalistas, e representa uma tentativa de conter o colapso no valor das ações da Tesla, que já caiu 44% em 2024, empurrando o valor de mercado da empresa para cerca de US$ 600 bilhões.

Efeito dominó derruba tecnologia global

O impacto das tarifas foi sentido em toda a cadeia tecnológica. Os aumentos de impostos sobre insumos como terras raras, semicondutores e metais estratégicos elevaram os custos de produção em até 43% para itens como iPhones, veículos elétricos e videogames. 

Países como China, Taiwan e Coreia do Sul responderam com tarifas equivalentes, acirrando a guerra comercial e comprometendo o acesso a componentes essenciais.

O caso da Nintendo ilustra bem o clima de incerteza. A empresa japonesa paralisou as pré-vendas do Switch 2 nos Estados Unidos por receio de encarecimento e instabilidade nos preços. 

O cenário assustou investidores e fez os grandes nomes da tecnologia recuarem, entre eles Mark Zuckerberg, que perdeu US$ 27 bilhões, e Jeff Bezos, com perdas estimadas em US$ 23,5 bilhões.

Crise se compara à pandemia

De acordo com a Bloomberg, o prejuízo total das 500 maiores fortunas do mundo com a nova política tarifária de Trump chega a impressionantes US$ 536 bilhões — superando inclusive a queda recorde registrada durante o início da pandemia da Covid-19, em 2020.

Para especialistas econômicos, o apelo de Musk por “tarifa zero” ignora riscos importantes. “Sem tarifas, perde-se a arrecadação tributária que sustenta investimentos públicos. Além disso, há o risco de concorrência desleal de países com normas ambientais e trabalhistas mais frágeis”, alertam analistas.

Um freio forçado nas ambições

Enquanto tenta conter os prejuízos, Musk já começa a desacelerar projetos ambiciosos como o DOGE (Digital Operations Government Efficiency), voltado a digitalizar e cortar custos do setor público nos EUA. 

A mudança de tom do bilionário expõe o quanto o capital pode fugir quando as regras do jogo mudam sem previsibilidade. Mais do que uma oscilação do mercado, o momento atual marca um divisor de águas nas relações comerciais e nas estratégias de grandes empresas. 

Os bilionários agora tentam recuperar o controle do jogo — desta vez, com menos apoio à política que ajudaram a endossar.

Fonte: MSN