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Lecy Pereira Sousa
Nunca, na história da Literatura mundial, publicou-se tanto livro sobre vampiros. É bem possível que Bram Stocker, criador de Drácula (um livro realmente assustador) prefira dormir em seu sono eterno, ou não. Vai que ele acha toda essa onda um negócio “maneiro” toda vida.
Há vampiros e vampiras com problemas existenciais, frequentadores de academias (fitness diga-se de passagem), nerds, pegadores, bonzinhos, amantes de pão de alho, consumidores de vinho tinto, clientes de fast-food, garotos propaganda de refrigerante, depilados, donos de blogs bombados, outros que precisam de sol e quando anoitece sofrem de insônia. Há vampiros ao crepúsculo, ao amanhecer. Também há vampiras que escrevem diários revelando mistérios nunca antes conhecidos pelos simples mortais.
À medida em que a vampiragem não sai de cena, ganhando narrativas cada vez mais sofisticadas e próximas do cotidiano das pessoas, outros personagens vão se incorporando à cena. Quem estava acostumado com aquelas bruxas dos contos de fadas do passado pode se surpreender com as novas versões de bruxas que frequentam faculdade, vão para a balada e dão demonstração do seu poder transformando o namorado num cãozinho Chihuahua, por exemplo. As bruxas de agora são personagens no padrão Angelina Jolie. As memeias cheias de verrugas foram lançadas no “Vale da Depressão” (sem qualquer pleonasmo). E não se enganem. O gênero fantasia é, de longe, o mais rentável no reino das editoras. Um claro exemplo é o sucesso mitológico de “O Senhor dos Anéis” de Tolkien e “A Guerra dos Tronos” de George R.R.Martin. Quem nunca viu alguém carregando um tijolaço de trocentas páginas dessa ficção, sem data para acabar, no metrô ou dentro do ônibus?
Enquanto isso, eu me pergunto por que alguém, por essas bandas, ainda não se aventurou a escrever a história do Saci-pererê jovem. Será que ele optou por uma prótese, trocou o caximbo por uma moto, se engajou em movimentos sociais, passou a praticar Moai Tai, tirou o gorro, deixou o cabelo crescer e passou a gravar vídeos de funk ostentação? Vai saber, né?