Foto: Edmilson Silva
Lecy Pereira Sousa
E outro ano vai se colocando no poente (em 30 dias uma nova história é construída), como aqueles pôr de sóis de alguma cidade praiana , na roça das nossas delicadezas ou em nossos centros automóveis.
Fosse, então, tudo verdejante e dourado com tons avermelhados, na esquina, na quimera da rua asfaltada, ao sol ardente, perto dos centro de compras de inevitáveis lembranças.
A cidade anda de carro com a nossa pressa, mas capturando qualquer coisa com um tablet, um smartphone, um sistema android, levando tudo para dentro de um lugar improvável.
Ah, nossos olhos. E se tudo ficasse só dentro de nós? Só ali e inalienável? Nada se reproduziria em rede. Restaria uma vaga ou a mais rica narrativa de que se teria notícia.
Parece que cada ano leva consigo o que mais quer levar ou aquilo que quer, indiscutivelmente, ir. Mas nada é, assim, tão extremo no palco de todas as coisas. Após torvelinhos, lágrimas, aparentes injustiças, eis a alegria, a esperança, o carnaval existencial.
Se tudo é tão fluido em tempos tão eletrônicos, diga-me, o que fica? A efêmera e frágil incerteza ou a convicção do porvir? Somos bem capazes de esquecer qualquer filosofia se virmos um sol nascente ou o sorriso daqueles a quem temos afeto. Sintéticos, ainda que o mundo inteiro rompa por mais adiante. Acordamos na expectativa da próxima estação, sabendo que ela não será exatamente como um desfile de Ronaldo Fraga na São Paulo Fashion Week, mas trará todo o seu glamour.
Nada como uma nova oportunidade aos olhos, à alma e aos impulsos do verbo "existir".
Aos amigos de sempre, aos entes queridos, ao Diário de Contagem e aos leitores anônimos, agradecimentos e o tempo presente.