Data de publicação: 15-01-2015 00:00:00

Transtornos da Imagem Corporal: Em Busca do Corpo Perfeito

Jornal Diário de Contagem On-Line
Foto: Divulgação
Wasney de Almeida Ferreira¹

A busca por um corpo perfeito, como no caso da modelo Andressa Urach e do modelo Celso Santebañes (Ken humano), tem acarretado em transtornos da imagem corporal. A realidade perceptual nunca coincide com o ideal imaginário fazendo com que as pessoas sintam-se cronicamente insatisfeita. Transtornos da imagem corporal podem escondem conflitos psicológicos inconscientes, como rejeição familiar, problemas de identidade e sexualidade.

Nenhum ser humano tem acesso à realidade-em-si, tão pouco ao corpo-em-si, mas apenas aos fenômenos, que emergem a partir de nossas experiências. Para as neurociências, nenhum limão é azedo; nenhum gelo é frio; nenhuma lixa é áspera; nenhum corpo é gordo ou magro, alto ou baixo, feio ou bonito. Todas as qualidades, que parecem ser das coisas-mesmas, são atribuídas pelas mentes das pessoas, que se encontram socialmente situadas.

Por exemplo, o gelo é frio apenas em relação à temperatura ambiente na qual estamos socialmente acostumados (25º), mas quente em relação ao nitrogênio líquido. Para os físicos, um objeto está paradoxalmente em movimento e repouso, a depender do referencial, pois somos nós, observadores, que o determinamos. De forma semelhante, somos bonitos e feios, magros e gordos, altos e baixos, a depender do referencial social, que utilizamos para julgamentos.

Muitas pessoas, que vivem abitoladas no mundo da moda e da fama, acabam se perdendo na busca por um corpo perfeito: é um verdadeiro “beco sem saída”. Quando a pessoa perde o referencial social, ela é incapaz de perceber e julgar seu próprio peso, altura e qualidades, pois já entrou num estado psicopatológico. Por exemplo, uma pessoa com anorexia nervosa (embora seja vista por todos como magríssima na sociedade) se vê no espelho, factualmente, como gorda. Afinal, o “elevador está subindo, descendo ou parado”? Sem referencial, não é possível saber!

As pessoas tendem a objetivar seus conflitos psicológicos em aspectos corporais, como se os problemas da existência fossem ser resolvidos no próprio corpo. Portanto, ao invés de buscar um corpo perfeito (que não existe!), o mais adequado seria procurar um bom profissional de psicologia, para que os conflitos inconscientes fossem analisados. Transtornos da imagem corporal precisam ser considerados por todos aqueles que vivem no universo da moda e da fama.

¹Graduado em Psicologia (bacharel e psicólogo - FAFICH/UFMG), mestre em Linguística Teórica e Descritiva (Língua em Uso: Linguística Cognitiva - FALE/UFMG) e doutorando em Saúde Pública (Epidemiologia das Doenças e Agravos Não-Transmissíveis e Ocupacionais - FM/UFMG) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 
 
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