As paralisações seguidas de assembleias das categorias aconteceram nessa quarta-feira (21), na praça Iria Diniz, no Eldorado. A diretoria do SindSaúde confirma que a superbactéria ainda continua colocando em risco a vida dos pacientes do Hospital Municipal.
Saúde
Segundo a diretora do SindSaúde, Rafaela Carvalho, além dos baixos salários e da falta de condições mínimas de trabalho, falta treinamentos capazes de garantir o bem estar dos usuários, mais uma vez, prejudicados.
A diretora afirma que recebeu várias denuncias reclamando do atendimento no Hospital Municipal de Contagem.
“A falta de insumos e condições básicas de trabalho obrigam os profissionais a deixarem de realizar alguns procedimentos. Além da escassez de insumos, o problema da superbactéria ainda não foi solucionado. Após dois meses de espera por soluções, a equipe médica multidisciplinar que atende na unidade recebeu um treinamento básico de higiene para lidar com a superbactéria. Mas ainda não existe controle de contaminação dentro do hospital”, informa Rafaela Carvalho que afirma que o quadro ainda é muito grave.
Uma funcionária que não quis se identificar conta que a medida adotada pela direção do HMC atualmente é trocar o paciente de enfermaria assim que é detectada a contaminação pela superbactéria.
“O governo se recusa a reajustar os salários corroídos pela inflação e a oferecer as boas condições de trabalho. Com isso o maior prejudicado nesse processo é o usuário, já que os profissionais trabalham desestimulados provocando baixa qualidade nos atendimentos”, explica a diretora.
Contagem tem o pior salário da região metropolitana e por isso faltam tantos profissionais na cidade. “Ninguém quer ficar, poucos continuam”, confirma Rafaela Carvalho.
Quanto aos atendimentos da nova UPA-JK, Rafaela informa que o sindicato também recebe várias denuncias de falta de qualidade no atendimento na unidade.
“Embora o sindicato não tenha acesso aos profissionais por eles serem terceirizados, os usuários reclamam da superlotação, do cancelamento de exames e também dos profissionais que atendem na unidade de saúde”, ressalta. A diretora diz que a terceirização é mais uma forma do governo fazer escoar o dinheiro do município.
Educação
De acordo com o diretor do SindUte, Gustavo Olimpio, o governo municipal está sendo omisso quanto aos direitos dos trabalhadores da educação.
“A prefeitura está adotando um novo modelo de seleção de diretores para as escolas, o que muda completamente o modelo democrático na educação. A Secretária de Educação propõe que seja aplicada uma prova eliminatória para avaliar a capacidade intelectual e pedagógica do candidato. Isso quebra a união entre as entidades que trabalham em prol da educação, como assembleia escolar e colegiado”, explica Olimpio.
Gustavo também lembra sobre o prejuízo da população com o fechamento de algumas escolas tradicionais na cidade. “Estamos precisando abrir mais escolas para reduzir o número de alunos por turma e elevar a qualidade do ensino”, ressalta.
Apoios
Os servidores recebem o apoio do CSP CONLUTAS e da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes em Luta).
De acordo com o representante dos metalúrgicos, Geraldo Araújo, o Batata, mais de 40% dos metalúrgicos da cidade de Contagem foram demitidos.
“As pessoas foram estimuladas a gastar, agora perdem o emprego e ficam endividadas. As empresas adéquam o lucro a queda do mercado, reduzem seus custos e continuam com o faturamento garantido. Enviam os lucros para fora do país e não prioriza o social. Está difícil, a indústria demite, o comercio demite e o setor de serviço também demite. Se não houver uma mudança no pensamento dos patrões essa situação vai desencadear um caos social”, analisa Batata que convoca os trabalhadores para protestar contra o processo eleitoral.
A representante da ANEL, Camila Carvalho, afirma ser primordial os estudantes se aliar aos movimentos que lutam pelo direito do povo. “Apesar da aliança entre algumas entidades estudantis e o governo, os jovens tem que lutar por melhores condições de trabalho e de vida”, convoca.
Negociação
Ao final da reunião o diretor do Sind-UTE informou que houve algum progresso na negociação com o governo. “Conseguimos uma reunião na próxima sexta feira, (22). Vamos discutir sobre a possibilidade da prova para os candidatos a diretoria seja diagnóstica e não eliminatória. Isso mantém o processo democrático, porém não fica descartado o indicativo de greve”, alerta Gustavo Olimpio.
Novas paralisações
Já o Sind-Saude terminou a assembleia com paralisação confirmada para as próximas terça-feira (28) e quarta-feira (29) de outubro.
Na terça-feira, a categoria vai se unir a outras classes de trabalhadores para participar de uma passeata organizada pelo CSP CONLUTAS, em Belo Horizonte, com início previsto para às 15 horas.
Na quarta-feira, o sindicato pretende organizar uma mesa de debate sobre as reivindicações.
Governo municipal
A Secretaria Municipal de Comunicação e Transparência foi questionada, mas a assessoria da Prefeitura de Contagem ainda não se posicionou quanto aos protestos das duas categorias.