Data de publicação: 28-12-2015 00:00:00

Por que Defender o Sistema Único de Saúde (SUS)?

Jornal Diário de Contagem On-Line
Foto: Divulgação

O modelo hegemónico médico tem o processo saúde-doença como mercadoria, enquanto o SUS o tem como um direito de cidadania: “Saúde não tem preço”. Vamos apresentar algumas características do modelo liberal hegemônico e o comparar com possíveis ações do SUS:

Individualismo

No modelo médico liberal,
o foco está no indivíduo e não nas populações. Geralmente, procuram-se as causas das doenças no indivíduo e não no contexto. Por exemplo: se você trabalha numa indústria e tem lesão por esforço repetitivo (LER), o problema é seu: você é preguiçoso, fraco, tem predisposição genética, não se adaptou as exigências da empresa. Dito de outra forma, o problema não está na máquina, na organização do trabalho ou na exploração, mas em você.

No SUS, o foco está principalmente nos grupos e no contexto: Por que trabalhadores manuais rotineiros são mais acometidos por LER em indústrias do tipo X? Políticas públicas intersetoriais poderiam ser desenvolvidas para assegurar a saúde dos trabalhadores: redução da jornada de trabalho, obrigatoriedade de atividades físicas, manutenção de máquinas, desenvolvimento de leis etc..      

Meritocracia

No modelo médico liberal
, o acesso à saúde é da ordem do mérito. Se você tem dinheiro para pagar um médico, psicólogo, fisioterapeuta ou internações, você tem acesso à saúde. Se você está desempregado, não tem dinheiro para um medicamento ou tecnologia, o problema é seu: Trabalhe e compre um plano de saúde privado que atenda às suas necessidades.

No SUS, você é um ser humano, um cidadão brasileiro, e tem direito a saúde mesmo se desempregado ou invalidado. Todos os cidadãos brasileiros devem ter igualdade de acesso à saúde. Se existe uma tecnologia ou medicamente, o cidadão tem direito e precisa ser tratado independentemente de classe socioeconômica, raça, religião ou idade.  

Lucro

No modelo médico hegemônico, a saúde tem valor econômico e está implicado na lógica capitalista: Seus braços, pernas, olhos, fígados, rins, enfim, tudo possui valor de mercado. Obviamente, seu tratamento pode gerar lucros ou prejuízos. Afinal, ninguém criaria uma empresa capitalista para fazer caridade, ser solidário ou gentil, mas para gerar lucro.     

No SUS, a saúde não está implicada na lógica de mercado: o objetivo não é o lucro, mas a saúde em si. Se você não depende hoje de um transplante de órgãos, outro cidadão pode ser tratado com seus impostos, mesmo que isso seja caro. Em resumo, a solidariedade e o humanismo são centrais na nação, e não a competitividade por clientes.

Os brasileiros precisam se conscientizar que o SUS é uma visão de mundo, uma filosofia, que tem a saúde como seguridade social garantida em Constituição. Se a classe média utilizasse o SUS e reivindicasse seus direitos, teríamos uma saúde pública forte. Para mim, a saúde não tem preço, pois não sou mercadoria, mas para você? Divulgue essa ideia!
 
Para saber mais: Documentário “Sicko” de Michael Moore.  

Fonte: Wasney de Almeida Ferreira - Psicólogo, mestre em linguística e doutorando em saúde pública pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 
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