Data de publicação: 23-08-2016 00:00:00

Taxa de doadores efetivos de órgãos aumenta, mas ainda está longe do ideal

Jornal Diário de Contagem On-Line
Foto: Reprodução Internet
 
Agência Brasil
 
O número de doadores efetivos de órgãos no Brasil subiu de 13,1 por milhão de habitantes para 14 por milhão no segundo trimestre deste ano, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
 
“Essa taxa de doadores efetivos vinha caindo ao longo de 2015, se estabilizou no primeiro trimestre de 2016 e começou a subir agora, no segundo trimestre deste ano”, disse o coordenador da Comissão de Remoção de Órgãos da ABTO, José Lima Oliveira Júnior, nesta terça-feira (23).
 
Apesar do aumento, o número de doadores efetivos ficou abaixo do esperado para o período – de 16 por milhão de habitantes – e longe do considerado ideal. Além disso, os transplantes feitos caíram no segundo trimestre, assim como o total de potenciais doadores, principalmente nos estados mais populosos do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Os dados são levantados pela ABTO e pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde.
 
O número de brasileiros na fila aguardando um órgão aumentou neste ano, na comparação com o primeiro semestre de 2015: passou de 32 mil pessoas para 33.199. Em números absolutos, a maior fila é para receber córneas e rim, seguida de fígado, coração, pulmão, pâncreas e intestino.
 
Tendência revertida
 
Segundo Oliveira Júnior, os cinco anos anteriores a 2015 registraram tendência de melhora nos números de potenciais doadores, de doadores efetivos e de transplantes realizados, com redução da fila de espera. No ano passado, no entanto, a tendência se reverteu, com piora em todos os indicadores do setor.
 
“Basicamente, (houve) uma desorganização do sistema”, segundo o coordenador, que citou atrasos no pagamento aos hospitais, contratos desfeitos e não renovados e falta de reajuste dos procedimentos como causas da piora dos resultados.
 
As consequências, segundo ele, foram a queda no número de equipes que fazem os procedimentos e a redução da quantidade de transplantes.
 
De acordo com dados da ABTO, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul têm, hoje, as melhores taxas de doadores efetivos do país, com de 34,9 por milhão, 26,2 por milhão e 25,2 por milhão, respectivamente.
 
As taxas mais baixas de doadores efetivos estão no Norte e Nordeste, onde a taxa de recusa da família para doar os órgãos é mais alta, segundo Oliveira Júnior. “A taxa de doadores efetivos (nessas regiões) cai para dois, três ou quatro (habitantes) por milhão”, comparou.
 
Ação
 
O coordenador da ABTO destacou que é preciso trabalhar para que o número de doadores aumente em todo o país, porque mesmo que o órgão não seja aproveitado em um estado, o transplante pode ser feito em outra unidade da Federação, com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB).
 
Um rim, por exemplo, pode ser transplantado até 24 horas depois de retirado e um fígado, até 12 horas. “Podemos melhorar muito esse sistema, mas precisamos de uma infraestrutura nacional que funcione bem e, principalmente, temos que reduzir a taxa de recusa familiar, que é muito alta no país; 49% é inaceitável.”
 
Segundo Oliveira Júnior, é preciso desfazer alguns mitos sobre a doação de órgãos que levam as famílias a recusarem a possibilidade de transplante diante da morte de um parente. Levando em consideração a característica de solidariedade dos brasileiros, o especialista acredita que a taxa de doadores efetivos pode crescer se houver maior esclarecimento da população.
 
Infraestrutura
 
Segundo a ABTO, os Estados Unidos têm, hoje, uma taxa de doadores efetivos de 25 a 30 por milhão. Entretanto, embora haja um número grande de potenciais doadores, a maioria tem idade avançada e problemas como hipertensão e diabetes, o que pode inviabilizar o transplante.
 
Já os potenciais doadores no Brasil são jovens, vítimas de violência, de traumas e acidentes de automóvel, em geral, que eram saudáveis até a ocorrência desses episódios, o que favorece o aproveitamento dos órgãos. “Nós precisamos aumentar nosso aproveitamento”, destacou Oliveira Júnior.
 
Condições
 
Nem todos os órgãos doados podem ser aproveitados. No último semestre, 71% dos órgãos doados no Brasil não puderam ser utilizados, porque o processo exige uma série de cuidados e infraestrutura para que eles  possam ser removidos e os transplantes, feitos.
 
“O doador precisa ser mantido em um ambiente adequado, precisa de ventilação mecânica, de medicamentos para ajustar a pressão, de infraestrutura que permita manter a temperatura do corpo, precisa de reposição hormonal, muitas vezes de transfusão de sangue, de dieta enteral”, listou o médico.
 
Muitas vezes, o local onde o doador está não tem a infraestrutura necessária e, quando a equipe chega para fazer a remoção do órgão, ele não é mais viável. “É preciso melhorar esse sistema”.
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